O Testemunho dos Apóstolos
Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus;
porque vos tenho preparado para vos apresentar
como uma virgem pura a um marido,
a saber, a Cristo."
– 2 Coríntios 11:2
"Um só Senhor, uma só Fé", escreveu sob inspiração o apóstolo Paulo a uma das primeiras comunidades de Fé. [Efésios 4:5] E tornou manifesto: "Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras". – 1 Timóteo 6:3, 4b.
Por qual razão adveio Paulo a escrever tão vigorosas palavras? Queiramos adquirir certeza quanto ao zelo que os apóstolos tinham para com a única Fé.
Profecias apostólicas
No legado dos apóstolos, podemos encontrar profecias referentes ao testemunho da Fé. A apostasia1, o desvio da sã doutrina, fora mesmo predita. Haveria de se levantar aqueles que negariam a Cristo, o Mistério de Deus. – Colossenses 2:2.
A oposição ao Testemunho de Deus tomaria uma ‘outra feição’. O sutil inimigo viria a empregar uma de suas antigas táticas. Qual? O apóstolo Pedro expôs:
"E também houve entre o povo [de Israel] falsos profetas,
como entre vós haverá também falsos doutores,
que introduzirão encobertamente heresias de perdição
e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição."
– 2 Pedro 2:1
De acordo com o apóstolo Pedro, o desvio da Fé seria evidenciado por um negar: "E negarão o Senhor que os resgatou". [1 Pedro 1:18, 19] E, o apóstolo indicou a forma em que operaria o sistema de engano: ‘encobertamente’. – Cf. 2 Coríntios 11:3; Gênesis 3:1-5.
A apostasia adviria ‘encobertamente’, o que denota dissimulação e astúcia. Quais lobos vestidos de ovelhas, os falsos instrutores se adentrariam no convívio dos fiéis. – Cf. Mateus 7:15.
Em verdade, a leitura de 1 Timóteo 6:3, 4b, demonstra que os sinais de desvios de entendimento já eram evidentes aos apóstolos. De modo que, ao escrever sua segunda carta a Timóteo, Paulo fez anotações em caráter de profecia. Ele declarou que alguns, por causa de ‘cobiças’, iriam preferir dar ouvidos às ‘fábulas’ do que à verdade. – 2 Timóteo 4:3, 4.
Sim, haveria de chegar um tempo em que alguns não suportariam as sãs palavras. De modo que, no mesmo sentimento de Pedro, escreveu Paulo: "E, sem controvérsia, grande é o Mistério da Piedade: Deus se manifestou na carne, foi justificado em [o] Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória. Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da Fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizado a sua própria consciência." – 1 Timóteo 3:16 – 4:1-2.
1 Apostasia [gr. apostasía] significa ‘desvio, abandono ou rebelião’ [Atos 21:21], tendo por símbolo bíblico a fornicação. –Oséias 1:2; 14:4.
Um discurso de despedida
Talvez julgue de muito importância o relato que se encontra em Atos, capítulo 20. Que se nos traz? Ali lemos que, ao desejar partir para Jerusalém, o apóstolo Paulo achou por bem convocar os anciãos da igreja em Éfeso. [Atos 20:16, 17] A reunião foi realizada em tom de despedida. Paulo pressentira pelo Espírito que algo sério estava para lhe ocorrer em Jerusalém. – Veja Atos 20:22, 23.
Por ser a última vez em que estaria com aqueles irmãos [v. 25], Paulo teve o encargo de fazer observações salutares quanto ao Testemunho de Deus. Quais foram as palavras de Paulo? O que o apóstolo tinha a dizer àqueles que estavam investidos de responsabilidade pelo rebanho de Deus?
"Vós bem sabeis, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, como em todo esse tempo me portei no meio de vós. Servindo ao Senhor com toda a humildade e com muitas lágrimas e tentações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram; como nada, que útil seja, deixei de anunciar e ensinar publicamente e pelas casas, testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo.
E agora, eis que, ligado eu pelo espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que lá me há de acontecer, senão o que o Espírito Santo de cidade em cidade me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações. Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contando que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do Evangelho da graça de Deus.
E agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o reino de Deus, não vereis mais o meu rosto. Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus.
Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que Ele resgatou com Seu próprio sangue. Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão ao rebanho. E que, dentre de vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si.
Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um de vós. Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavras da Sua graça; a Ele, que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados.
De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestido. Vós mesmos sabeis que para o que me era necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mãos me serviram. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber."
– Atos 20:18-35
‘Que ficasses em Éfeso’
Acreditas que Paulo tenha feito apenas um único discurso a anciãos, os supervisores congregacionais? É certo que ao longo de seu intenso ministério o apóstolo tenha proferido inúmeros discursos à presbíteros. [Atos 20:31] No entanto, o Espírito Santo achou por bem que um dos muitos discursos de Paulo fosse registrado no primeiro livro de história da igreja. Não consideras tal fato sugestivo?
Realmente, houve uma razão muito especial a que Lucas, o inspirado escritor, registrasse um dos muitos discursos daquele que poderia dizer: "Admoesto-vos... a que sejais meus imitadores... como também eu, de Cristo". [1 Coríntios 4:16; 11:1] O apóstolo Paulo referiu-se oportunamente e com propriedade acerca de seu ministério. Ele afirmou que o seu ministério fora lhe outorgado pelo próprio Senhor Jesus Cristo. – Atos 20:24. Note 1 Timóteo 1:12.
Paulo reconhecia quão importante era a incumbência que recebera. Por isso o seu zelo desmedido pelo Testemunho de Deus. Mas por qual motivo Paulo fez uso de palavras incisivas em sua despedida? Temos a resposta em uma das cartas que ele escreveu a um de seus cooperadores: "Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina, nem se dêem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na Fé." – 1 Timóteo 1:3, 4.
Por qual necessidade?
Como podemos ver, nem todos prestaram devida atenção ao claro e instrutivo discurso de Paulo. Pois, logo após a partida do apóstolo, o que tinha sido previsto começara a ganhar forma na igreja em Éfeso. – Atos 20:29, 30. Cf. 1 Timóteo 1:5-7.
Já nos dias da igreja primitiva começou a haver murmúrios sobre os apóstolos. Alguns, advindos do paganismo, se mostraram descontentes pois concebiam que a mensagem apostólica era ‘muito simples’. Os que assim pensavam, estavam desejosos de ‘algo mais rebuscado’. Como? Os tais tinham em conta que o falar divino deveria ser conforme a ‘alta crítica’ da época, segundo os ‘aparatos filosóficos’. [Cf. 1 Coríntios 4:6] Já outros, advindos do judaísmo, eram inflados no desejo de ser ‘doutores da lei’, supondo que o falar dos apóstolos não eram condizentes com as ‘sagradas tradições’. – Note 1 Timóteo 1:7.
No entanto, é digno de nota que, Paulo, em sua despedida, tenha claramente afirmado: "Nada, que útil seja, deixei de vos anunciar e ensinar publicamente". [Atos 20:20] De modo que os irmãos anciãos ouviram: "Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus." [v. 27.] Assim posto, ‘a necessidade’ de tornar o falar apostólico ‘mais rebuscado’ ou que viesse a sofrer ‘necessários acréscimos’ era totalmente infundada.
Não, não havia o que buscar no judaísmo ou na filosofia pagã algo que viesse a tornar ‘mais consistente’ a mensagem apostólica. O que de fato era necessário era a conformidade com "as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade." – 1 Timóteo 6:3.
‘A palavra da pregação de Deus’
"Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vão e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência; a qual professando-a alguns, se desviaram da Fé", rogou Paulo. – 1 Timóteo 6:20, 21b.
As palavras de Paulo a Timóteo não poderiam ser mais apropriadas. Realmente, nelas podemos perceber a medida do zelo apostólico. Certamente, tal zelo era de acordo com o zelo de Deus. [Colossenses 4:12, 13; Tiago 4:5] Por isso, houve os que receberam com devido apreço o falar dos apóstolos. Eis um demonstrativo: "Pelo que também damos sem cessar graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes." – 1 Tessalonicenses 2:13.
De fato, os apóstolos do Senhor corresponderam ao chamamento divino. [1 Coríntios 4:1, 2, 9-14] O que eles falavam era em concordância com a incumbência que o Senhor tinha lhes entregue. Entretanto, nem todos manifestavam consideração pelo falar apostólico.
Em sua carta à igreja em Filipos, Paulo discorreu acerca dos "inimigos da cruz de Cristo". [Filipenses 3:18] Houve a afirmação de que alguns professos eram na verdade "falsos irmãos". [Gálatas 2:4] E, na localidade de Corinto, haviam os que, aderindo a certas correntes de pensamento, vieram a negar a ressurreição! [1 Coríntios 15:12. Cf. Atos 17:18, 32] Daí o apóstolo ter declarado: "Alguns [dentre vós] não têm o conhecimento de Deus". – 1 Coríntios 15:34.
Um distinto zelo
Deveras, nos primeiros capítulos do Livro da Revelação de Jesus Cristo, mesmo antes dos apóstolos dormirem no Senhor, já podia-se perceber nas igrejas locais elementos estranhos à Fé. [Apocalipse 2 e 3] Ensinamentos segundo rudimentos do mundo ameaçavam a simplicidade do Evangelho. – Note Colossenses 2:8, 9.
O falar de não poucos já não era o falar do Espírito. [Tito 1:10, 11; 3 João 9, 10] De modo que, em sua segunda carta aos irmãos de Corinto, o apóstolo Paulo fez uma triste anotação: "Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo." [2 Coríntios 11:3, Almeida Contemporânea.] A que devia o temor do apóstolo? A resposta se encontra no versículo precedente: "Estou zeloso de vós com zelo de Deus. Tenho vos preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo." – Cf. Colossenses 2:9, 10.
O Testemunho dos Apóstolos II
“Para que vos lembreis das palavras
que primeiramente foram ditas
pelos santos profetas
e do mandamento do Senhor e Salvador,
mediante os vossos apóstolos.”
– 2 Pedro 3:2
As Escrituras Apostólicas revelam duas grandes fontes que vieram a prejudicar a igreja: o judaísmo e as idéias filosóficas gregas. Ao observarmos a história podemos ver claramente que houve sérios desvios da mensagem dos apóstolos. Sim, tanto o judaísmo quanto as idéias helênicas causaram muito dano às primeiras igrejas.
O entendimento original foi danificado por muitos pensamentos, pelas opiniões e filosofias. Ainda no primeiro século, uma mistura de filosofia grega, egípcia e babilônica adentrou nas nascentes comunidades cristãs. Dessarte, foi por intermédio de conceitos e práticas judaico-helênicas que inúmeras doutrinas e práticas foram produzidas e, não muito tempo depois, retidas como dignas de crença. Donde adveio tal permissividade?
Como se iniciou a apostasia
Note a observação que o apóstolo Paulo fez à igreja em Corinto: “Porque não ousamos classificar-nos ou comparar-nos com alguns que se louvam a si mesmos; mas estes que se medem a si mesmos e se comparam consigo mesmos estão sem entendimento. Porém não nos gloriaremos fora da medida, mas conforme a reta medida que Deus nos deu, para chegarmos até vós.” – 2 Coríntios 10:12, 13.
A que situação Paulo se referia? Lemos: “Não nos gloriando fora de medida nos trabalhos alheios”. [v. 15a] Mas o que levou alguns a se gloriarem? De fato, em presunção, alguns buscavam reconhecimento próprio dentre os fiéis de Cristo. Para tanto eles supunham que era o aumento de ‘número de conversos’ que indicava ‘confirmação apostólica’. Todavia, segundo o apóstolo Paulo, não era o ‘número’ que determinava a legitimação apostólica. Ele declarou: “Antes tendo a esperança de que, crescendo a vossa fé, seremos abundantemente engrandecidos entre vós, conforme a nossa regra. [...] Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor. Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva.” – 2 Coríntios 10:15, 17, 18.
A alegria de Paulo não estava em ver um número exorbitante de conversos. Ao contrário do que alguns pensavam, ele entendia que a apostolicidade era determinada pela fé. Paulo apontou-lhes a esperança de crescimento da fé genuína. Todavia, alguns dos que julgavam que o número de séquitos era o real determinante da legitimação apostólica, passaram a facilitar a ‘integração’ dos pagãos com os seguidores de Cristo. Que deslealdade! Devido a esta situação foi que Paulo escreveu as notas corretivas:
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis;
porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça?
E que comunhão tem a luz com as trevas?
E que concórdia há entre Cristo e Belial?
Ou que parte tem o fiel com o infiel?
E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos?”
– 2 Coríntios 6:14-16
Resignação ao paganismo
Era de se esperar, não tardiamente, que o facilitado ingresso de pagãos viesse a causar sérios danos à comunidade dos fiéis. Ora, não poucos falsos conversos vieram a obter influência entre os sinceros seguidores de Jesus. De tal ordem de cousas, temos o registro: “Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles a primazia, não nos recebe. Pelo que, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os expulsa da igreja.” – 3 João 9, 10.
Quem era Diótrefes? Era um apóstata que tinha conquistado uma posição de influência em uma dada igreja. [Note 1 João 4:6] Ora, houve alguns proeminentes que, no afã de conseguir uma maior amostra de ‘conversos’, não se afirmaram no entendimento original. Eles facultaram o livre ingresso de pagãos mediante princípios notoriamente ilícitos. E, além do mais, expulsavam os genuínos seguidores de Cristo! Assim, vemos claros indícios de que, logo cedo, a igreja se resignou ao paganismo.
Muitos foram os que aceitavam sem questionamentos certos pressupostos helenizantes. A permissividade viria a corromper a simplicidade da sã doutrina. A leitura das cartas dos apóstolos, mormente 2 Timóteo e 2 Pedro, nos revela que, embora o desvio da Fé já era-lhes manifesto, a apostasia estava ainda por ser sistematizada. Como se daria tal sistematização?
Falsos obreiros
Ao lermos com devida atenção as cartas de Paulo à igreja em Corinto, podemos ver que naquela igreja havia aqueles que eram favoráveis a toda sorte de mistura pagã. Alguns eram idólatras e influenciavam subtilmente a muitos. Daí, a pergunta apostólica: “Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos?”
Não eram todos que estavam claros a respeito do zelo de Deus. [Êxodo 34:14; Deuteronômio 5:6-9; 1 João 5:20, 21] Alguns até mesmo presumiam que a integração do Evangelho aos princípios da filosofia pagã ocasionaria uma promulgação mais ampla do Evangelho. [Note 1 Coríntios 11:2, 3] De modo que, em parte, foi devido a tal ordem de cousas que o apóstolo denunciou a sabedoria deste mundo como “loucura diante de Deus”. – 1 Coríntios 3:19.
Paulo estava ciente da raiz de todos os conceitos e iniciativas errôneos. A busca pelos rudimentos deste mundo ocultava a intenção maligna cultivada na mente de alguns: o desejo de ser senhores da herança de Deus. – Considere 1 Coríntios 4:8, 15; 2 Coríntios 11:12. Cf. 2 Timóteo 4:3, 4.
O apóstolo afirmou que os líderes que consentiam na mistura pagã não eram verdadeiros apóstolos do Senhor. Ele firmemente declarou: “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça”. – 2 Coríntios 11:13-15.
Sementes da apostasia
As anotações de Paulo evidenciam um quadro lamentável. Já nos dias da nascente igreja havia aqueles que falsificavam a palavra de Deus. Daí o apóstolo ter escrito: “Rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus”. – 2 Coríntios 4:2.
Em decorrência da iniciativa dos obreiros da iniqüidade, tornou-se urgente que os primevos cristãos viessem a “provar os espíritos”. [1 João 4:1-3; Apocalipse 2:2] Todavia, nem todos atenderam aos conselhos apostólico. Por não terem o entendimento exato da Verdade, muitos foram os que se deixaram levar “em roda por todo o vento de doutrina”. [Efésios 4:14] Da falta de visão do que vinha a ser o genuíno crescimento da fé adveio a falsificação da palavra de Deus. Em que consistiu tal falsificação?
A segunda carta de Paulo a Timóteo mostra o cuidado e as diretrizes dos apóstolos a fim de que os discípulos não cedessem à apostasia infiltrante. Toda esta carta reflete o cuidar apostólico. Quem eram “os homens impostores e enganadores” dos quais Paulo falava? [2 Timóteo 3:13] Eram os que deturpavam os ensinamentos dos apóstolos. – Cf. 2 Timóteo 3:14; Tito 1:9-11; 2 Pedro 3:15-18.
Como agiam os falsos instrutores? Eles não conservavam “o modelo das sãs palavras”. [2 Timóteo 1:13] Por conseguinte, não se atinham somente às páginas das Sagradas Letras. [2 Timóteo 3:15] Tais desencaminhadores eram os que, não satisfeitos com as Escrituras como base de fé e de aperfeiçoamento, iam buscar no meio helênico a opinião dos filósofos. – Note 2 Timóteo 4:3.
O alerta apostólico
A deserção da mensagem apostólica também iria se caracterizar como “o desviar dos ouvidos da verdade às fábulas”. [2 Timóteo 4:4] A simplicidade da Fé não seria preservada. Por isso, já nos dias dos apóstolos havia o alerta contra as sementes da apostasia: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo coceira nos ouvidos, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, e se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando às fábulas.” – 2 Timóteo 4:3, 4, Almeida Contemporânea.
Sim, conforme escreveu Paulo, haveria um tempo em que homens infiéis teriam influência significativa entre os fiéis. Eles amontoariam “mestres segundo as suas próprias cobiças”. Similarmente, Pedro também escreveu: “E também houve entre o povo [de Israel] falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E, por avareza, farão negócios de vós com palavras fingidas”. – 2 Pedro 2:1-3.
Pela expressão “introduzirão encobertamente”, o apóstolo Pedro indicou que os falsos instrutores agiriam de acordo com a astúcia da antiga serpente: de forma dissimulada. [Note Gênesis 3:2] O Salvador seria negado como conseqüência das subtilezas dos falsos mestres. Em que época tais avisos apostólicos se cumpririam?
‘Se alguém ensina alguma outra doutrina’
É importante percebermos que os alertas apostólicos tinham um significado por demais imediato para aqueles que os ouviam. A apostasia já era evidente na igreja das origens! Contudo, o desvio da sã doutrina ainda estava por ser legalizado entre os fiéis.
Sim, nas primevas comunidades, considerável número de apóstatas começou a desorientar as fiéis testemunhas de Jesus. De modo que havia a necessidade de se tomar uma decisão de todo drástica por parte dos fiéis. O ‘aparta-te’ tornar-se-ía inevitável: